12 de junho de 2015

Sim, nós somos uma banda de rock!


Somos uma banda de rock.

Por mim, bastaria como descrição.

Mas, hoje em dia não se entende bem o que isso significa. Já foi repetido tantas vezes, por tanta gente, em tantas circunstâncias e tempos que... parece ter perdido o sentido. Sabe? Uma palavra que significa qualquer coisa ou todas as coisas ao mesmo tempo, na verdade não significa coisa alguma. Mas podemos re-significar o que quisermos. É o que fazemos a todo tempo – atribuir sentidos.

Eu também atribuo sentidos. 

Citando dois caras que já morreram: 

Dizia Raul Seixas – que viveu estas palavras –, rock é um jeito de pensar, de andar, de agir, de fazer e viver música, uma forma particular e, ao mesmo tempo, universal de amar, de odiar, de sentir o doce e o amargo, de ficar triste e de experimentar o êxtase, um jeito de ser imortal e de ser efêmero de uma só vez, de viver no inferno e encontrar o paraíso, de errar, de acertar, de ser, de estar, de morrer... enfim, rock é um jeito de estar vivo.

Já o velho alemão pirado tinha nos proposto há mais de cem anos que a música é o grande catalisador das experiências de transcendência do existir individual banal e cotidiano para sentir de maneira profunda uma realidade essencialmente estética, coletiva, una e atemporal.

Estou falando de catarses coletivas, epifanias, êxtases fantásticos e esse tipo de coisa, saca?

Rock é isso, cara.

A impressão que tenho é de que não se acredita muito nisso, nos nossos tempos.

Mas eu acredito.

Não estou dizendo que todos estão errados, veja bem; nunca descarto a possibilidade de estar eu mesmo errado, pois creio radicalmente na ideia de que não há nesta vida nossa, tão estranha e fascinante, nada cem por cento garantido. Talvez, nem a morte. E entender isso pode te fazer voar – se você realmente sentir esta verdade até os ossos.

“E conhecereis a dúvida. E ela vos libertará.”

De qualquer forma, percebo hoje uma superficialização muito grande de tudo.

Tudo é banal demais e importante demais ao mesmo tempo. Um discurso de liberdade reveste nossas gaiolas. A etnia, a economia, a cultura, a orientação sexual, política, social, tudo é motivo para nos dividir em castas e gerar o "outro" onde deveria haver somente o "uno". Sem falar no esgotamento do novo por causa de uma necessidade obsessiva de gerar o novo o tempo todo. Em grandes quantidades. Pra, logo em seguida, descartar. E recomeçar o processo... É assim com tudo. Das artes à mídia, do pensamento ao lixo, das relações ao consumo...

Todas as coisas são só do lado de fora.

Mas não vou nem entrar muito nesse mérito.

Na verdade, não adianta ficar resmungando e se lamuriando.
Sou mais de pensar nas soluções, em vez de pensar nos problemas.

Vivo conforme quero, do jeito que acredito, dentro do que posso.

Acho que é o que podemos fazer.

Só queria que quando eu disser “somos uma banda de rock” você entenda que é disso tudo que eu estou falando. 

Isso tudo é o que significam estas palavras quando vêm da minha boca.

Pois não é o que temos.
Não é o que fazemos.
Não é onde ou como estamos.
Não é o que podemos ou deixamos de poder.

É o que somos: uma banda de rock.




o Vazio